quinta-feira, 18 de agosto de 2011
São Mateus, 15
1. Alguns fariseus e escribas de Jerusalém vieram um dia
ter com Jesus e lhe disseram:
2. Por que transgridem teus discípulos a tradição dos antigos?
Nem mesmo lavam as mãos antes de comer.
3. Jesus respondeu-lhes: E vós, por que violais os preceitos de Deus,
por causa de vossa tradição?
4. Deus disse: Honra teu pai e tua mãe; aquele que amaldiçoar seu pai
ou sua mãe será castigado de morte (Ex 20,12; 21,17).
5. Mas vós dizeis: Aquele que disser a seu pai ou a sua mãe:
aquilo com que eu vos poderia assistir, já ofereci a Deus,
6. esse já não é obrigado a socorrer de outro modo a seus pais. Assim,
por causa de vossa tradição, anulais a palavra de Deus.
7. Hipócritas! É bem de vós que fala o profeta Isaías:
8. Este povo somente me honra com os lábios; seu coração, porém,
está longe de mim.
9. Vão é o culto que me prestam, porque ensinam preceitos que só vêm
dos homens (Is 29,13).
10. Depois, reuniu os assistentes e disse-lhes:
11. Ouvi e compreendei. Não é aquilo que entra pela boca que mancha o homem,
mas aquilo que sai dele. Eis o que mancha o homem.
12. Então se aproximaram dele seus discípulos e disseram-lhe:
Sabes que os fariseus
se escandalizaram com as palavras que ouviram?
13. Jesus respondeu: Toda planta que meu Pai celeste não
plantou será arrancada pela raiz.
14. Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro,
tombarão ambos na mesma vala.
15. Tomando então a palavra, Pedro disse: Explica-nos esta parábola.
16. Jesus respondeu: Sois também vós de tão pouca compreensão?
17. Não compreendeis que tudo o que entra pela boca vai ao ventre e depois
é lançado num lugar secreto?
18. Ao contrário, aquilo que sai da boca provém do coração, e é isso o que mancha o homem.
19. Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios,
os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias.
20. Eis o que mancha o homem. Comer, porém, sem ter lavado as mãos, isso não mancha o homem.
21. Jesus partiu dali e retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia.
22. E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava: Senhor,
filho de Davi,
tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio.
23. Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele
e lhe disseram com insistência: Despede-a, ela nos persegue com seus gritos.
24. Jesus respondeu-lhes:
Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
25. Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: Senhor, ajuda-me!
26. Jesus respondeu-lhe: Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos. _
27. Certamente, Senhor, replicou-lhe ela; mas os cachorrinhos ao menos
comem as migalhas que caem da mesa de seus donos...
28. Disse-lhe, então, Jesus: Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas.
E na mesma hora sua filha ficou curada.
29. Jesus saiu daquela região e voltou para perto do mar da Galiléia.
Subiu a uma colina e sentou-se ali.
30. Então numerosa multidão aproximou-se dele, trazendo consigo mudos, cegos, coxos,
aleijados e muitos outros enfermos. Puseram-nos aos seus pés e ele os curou,
31. de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam,
daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e glorificavam ao Deus de Israel.
32. Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: Tenho piedade esta multidão:
eis que há três dias está perto de mim e não tem nada para comer. Não quero despedi-la em jejum,
para que não desfaleça no caminho.
33. Disseram-lhe os discípulos: De que maneira procuraremos neste lugar deserto pão bastante para saciar tal multidão?
34. Pergunta-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Sete, e alguns peixinhos, responderam eles.
35. Mandou, então, a multidão assentar-se no chão,
36. tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos discípulos,
que os distribuíram à multidão.
37. Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete cestos.
38. Ora, os que se alimentaram foram quatro mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.
39. Jesus então despediu o povo, subiu para a barca e retornou à região de Magadã.
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